Se a Inteligência Artificial houvesse evoluído a ponto de contratar uma assessoria de imprensa e relações públicas, provavelmente teria produzido algo semelhante à série documental The Age of A.I., publicada no YouTube Originals ao final de 2019.
Apresentada e produzida por Robert Downey Jr., o Homem de Ferro, a primeira temporada da série mostra em oito episódios as vantagens da inteligência artificial em áreas como saúde, arte ou astronomia. E advoga até mesmo que a automação melhora o mercado de trabalho.
A primeira temporada da série trata de oito temas:
- Os limites da Inteligência Artificial
- Cura de doenças com ajuda da Inteligência Artificial
- Uso da I.A. para fazer um ser humano melhor
- Aplicações da I.A. para produzir arte e contar histórias
- I.A. construindo habitações, inclusive em Marte
- Impacto dos robôs no futuro do trabalho
- Busca por vida extraterrestre com uso de Inteligência Artificial
O documentário é extremamente bem produzido. Os episódios apresentam o que há de mais moderno na aplicação da inteligência artificial para resolver desde problemas extremamente complexos como a logística de um porto até questões inusitadas, como a produção de pizza sem desperdício de alimentos.
Dois pontos, no entanto, são passíveis de críticas.
O primeiro é que a série mostra basicamente apenas as vantagens da automação, da robótica, do aprendizado de máquinas. Temas como exclusão digital, perda de empregos e privacidade são praticamente excluídos da narrativa, ocupando muito pouco tempo de tela.
O segundo é que a inteligência artificial, mais uma vez, é apresentada como algo futurístico, intangível, longe da realidade das pessoas. Ao focar em experimentos de ponta, o documentário acaba por deixar de lado o uso daquela tecnologia na vida do cidadão médio.
Isso torna a série bastante interessante de se assistir. Quem gosta de tecnologia vai adorar ver pernas biônicas, filmes escritos por algoritmos ou robôs que dão piruetas.
Esses casos extremos, no entanto, poderiam ser mais mesclados com situações mais ordinárias. Como essa tecnologia poderia ser aplicada no dia a dia das pessoas? Como poderia ajudá-las a trabalhar melhor, a manter uma vida pessoal mais satisfatória, a superar problemas cotidianos?
Ao se afastar de perguntas como essas, parece que por vezes estamos vendo o Homem de Ferro falando sobre um mundo que não é necessariamente o nosso. Um Universo Marvel restrito, onde amputados têm acesso a mãos robóticas, extraterrestres estão próximos de ser descobertos ou caminhões dirigem sozinho por autoestradas transportando nossas mercadorias.
Deixando esses dois problemas de lado, The Age of A.I. é excelente. Roteiro, produção, casos selecionados e até a duração dos episódios possuem qualidade acima da média, especialmente estando dentro do YouTube.
A ver apenas se na segunda temporada teremos mais Robert Downey Jr. e menos Tony Stark.