Você conhece alguém que esteja apreensivo com o futuro do trabalho, tanto pela pandemia de coronavírus como pelas mudanças que já estavam em curso?
Alguém que esteja insatisfeito com o que faz, que não vê sentido nas tarefas que tem que realizar, que simplesmente não se conecta com a própria profissão?
Talvez esse alguém seja você mesmo. Você que não recebe o salário que acredita ser justo, mas que não consegue mudar por ter medo de ficar desempregado ou por receio de não saber que rumo seguir se sair do trabalho atual.
O futuro do trabalho é um tema que vem sendo discutido pelas maiores mentes do mundo. Isso porque o mercado de trabalho como conhecíamos simplesmente parece ter chegado ao fim, com uma aceleração inesperada causada pelo coronavírus. E o que vem por aí já está revolucionando a forma como lidamos com o trabalho.
Por isso, neste artigo, vamos ver em detalhes:
- As perspectivas para o futuro do trabalho
- As duas mudanças que mais impactam o futuro do trabalho
- 6 conhecimentos para se adaptar ao futuro do trabalho
- Como traçar um plano para se adaptar ao futuro do trabalho
O primeiro passo é pensarmos nas perspectivas para o futuro do trabalho.
Perspectivas para o futuro do trabalho
Se você é mais ou menos da minha geração, deve ter crescido com a perspectiva de seguir um roteiro bem definido.
Você deveria tirar boas notas, passar no vestibular em uma profissão conhecida, entrar no mercado de trabalho depois de graduado e lá permanecer executando a profissão para a qual estudou, até se aposentar.
Essa era uma perspectiva bastante conhecida e que provavelmente já havia sido realizada pela geração dos nossos pais e até dos nossos avós.
O problema é que ela hoje simplesmente não é mais realidade. Hoje em dia, quase ninguém permanece na mesma empresa durante toda a sua vida profissional. E muita gente não permanece nem na mesma profissão.
Ter sido educado para uma perspectiva e ter que lidar com uma completamente diferente causa desconforto, apreensão e ansiedade. Algumas vezes, temos até o desejo de que as coisas deviam ser como antes, mais lentas, estáveis, seguras.
Infelizmente, esse desejo jamais vai se tornar realidade. Ao contrário. A tendência é que as mudanças ocorram em velocidade cada vez mais acelerada, deixando o futuro do trabalho cada vez mais complexo para quem não tiver a capacidade de se adaptar.
É preciso aceitar que você vai precisar mudar para se adequar às novas exigências do mercado. Mesmo que você não consiga entender todas as mudanças que estão acontecendo, você precisa no mínimo compreender quais são as forças que estão moldando essa nova realidade.
Duas forças que moldam o futuro do trabalho
A maioria das pessoas só consegue perceber uma grande mudança depois que ela ocorre.
Felizmente ou não, nós estamos vivendo bem no meio de uma mudança radical de perspectiva para o futuro do trabalho. E aqueles de nós que conseguirem ver essa mudança enquanto ela ocorre terá mais capacidade de se adaptar e de sair na frente.
Essa mudança não significa necessariamente que você vai ter que mudar de profissão. Mas vai exigir que você mude o seu comportamento, a sua maneira de pensar e de agir nessa nova realidade.
A ideia de ir de casa para o trabalho e do trabalho para a casa durante algumas décadas para depois se aposentar e aproveitar o que sobrou da vida não faz mais sentido. O próprio conceito de aposentadoria como o conhecemos está em risco.
Isso pode ter um aspecto negativo, mas também traz a vantagem de você não ter mais que aturar um trabalho de que não gosta durante muitos anos só para conseguir descansar no fim da vida.
Se você compreender as forças que moldam o futuro do trabalho, você pode dar um basta em trabalhos insatisfatórios, em atividades sem sentido e até mesmo em salários mal pagos.
E que forças são essas? Nós podemos dividi-las principalmente em dois grupos: as mudanças tecnológicas e as mudanças geográficas.
1. A força das mudanças tecnológicas
Automação, inteligência artificial, conectividade, algoritmos, criptografia, ciência de dados.
Palavras que antes apareciam mais em filmes de ficção científica hoje já fazem parte da nossa realidade e estão mudando o mercado de trabalho em uma velocidade assustadora.
As máquinas que substituíram o trabalho braçal na época da Revolução Industrial agora estão substituindo o trabalho intelectual, fazendo atividades que antes nós considerávamos que somente seres humanos conseguiriam fazer.
Nenhuma profissão está a salvo, mesmo que você acredite que a sua atividade é uma exceção. Com o tempo, é muito provável que as máquinas consigam fazer qualquer trabalho, inclusive o de profissões tradicionais como o trabalho de advogados, engenheiros e médicos.
Os mais ameaçados de imediato, no entanto, são aqueles trabalhos mais lineares, repetitivos e previsíveis. Se você sente que trabalha como um robô, então muito provavelmente logo será substituído por um.
Ao mesmo tempo, a tecnologia traz diversas oportunidades de trabalho que antes não existiam. Se você souber se posicionar na grande rede, adaptando-se às demandas, nunca mais faltará trabalho para você fazer.
Algumas das empresas mais valiosas do mundo atualmente, apenas intermedeiam informações, conectando oferta e procura. Além disso, marketplaces virtuais facilitam a atuação profissional de freelancers e profissionais autônomos.
Se a ideia de uma profissão estável em uma mesma empresa durante anos acabou, surge a nova ideia de trabalhar por projetos, oferecendo suas habilidades ao mundo todo e se conectando com pessoas e empresas que necessitam dessas habilidades.
Isso gera uma grande liberdade e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade, já que você não pode mais deixar a sua fonte de renda e o seu futuro nas mão de empregadores ou governantes.
Se antes havia alguma ideia de estabilidade, essa noção precisa ser rapidamente substituída pela flexibilidade, pela capacidade de se adaptar às novas exigências. A única estabilidade possível hoje em dia é saber lidar bem com a falta de estabilidade. Só terá alguma estabilidade aquele que conseguir se adaptar às mudanças na velocidade em que elas acontecem.
2. A força das mudanças geográficas
O segundo grupo de forças que moldam o futuro do trabalho é o das mudanças geográficas.
A população continua crescendo em ritmo acelerado em algumas regiões do planeta, ao mesmo tempo em que a expectativa de vida não para de crescer.
Isso significa que existem cada vez mais pessoas no mercado de trabalho. E com o fim da aposentadoria como nós a conhecíamos, isso também significa que essas pessoas também vão ficar cada vez mais tempo no mercado.
Além das alterações demográficas, este grupo de mudanças também compreende as alterações climáticas.
O planeta possui um limite de quanto aguenta de pessoas produzindo, poluindo e consumindo recursos naturais. Por isso o mercado de trabalho está aos poucos aprendendo a lidar melhor com esse limite, descartando cada vez mais a velha lógica de extrair, produzir, consumir e descartar.
Essa nova perspectiva gera novas oportunidades de negócios. O que antes era visto como descartável hoje pode ser reaproveitado como um novo ativo na cadeia de produção.
Se antes havia o paradigma de possui o produto para aproveitar o benefício, hoje em dia você pode andar de carro sem ter um carro, jantar bem sem ter um fogão em casa, ter suas roupas lavadas e passadas sem ter uma máquina de lavar. Tudo isso simplesmente tocando na tela do seu celular.
Essa enorme quantidade de mudanças traz uma grande ameaça para quem fica estagnado, porém ao mesmo tempo traz uma grande oportunidade para aqueles que conseguem se adaptar e dominar as habilidades necessárias para se destacar nesse novo mundo.
Mas, que conhecimentos são esses? É o que veremos agora.
6 principais conhecimentos para o futuro do trabalho
Até aqui nós vimos quais são as perspectivas para o futuro do trabalho e entendemos quais são as forças que moldam esse futuro. Agora é chegada a hora de entender quais os conhecimentos você precisa dominar para se adaptar, sobreviver e até mesmo se destacar nesse novo paradigma.
Dominando essas seis habilidades você vai poder não apenas ter trabalho garantido pelo resto da sua vida, mas também ter abundância financeira, satisfação pessoal e profissional e o reconhecimento profissional que deseja e merece.
Você nunca mais vai ter que fazer trabalho de que não gosta só para pagar as contas no final do mês. Nem vai ter que se submeter a empresas ou patrões abusivos que exigem muito e pagam pouco.
Se no começo dessa conversa parecia assustadora a ideia de não ter mais a estabilidade de trabalhar em uma mesma empresa até se aposentar, agora essa ideia não apenas vai parecer inofensiva, como vai ser até mesmo desejada por você.
Tudo o que você precisa fazer é dominar os conhecimentos exigidos para o futuro do trabalho e se posicionar no mercado explorando as potencialidades que você já tem, oferecendo as melhores soluções para os problemas que as outras pessoas têm.
Vamos ver, um a um, que conhecimentos são esses.
1. Conhecimento empreendedor-financeiro
O primeiro conhecimento que você precisa dominar para se destacar no novo mercado de trabalho é o empreendedor-financeiro.
Para fins didáticos, vamos dividi-lo em duas partes: o empreendedor e o financeiro. Mas elas são as duas faces de uma mesma moeda.
Dominar o conhecimento empreendedor significa que você não pode se ver mais como um simples empregado que vende a sua força de trabalho para uma empresa, trocando horas por um salário fixo no final do mês.
Esse é um modelo que floresceu na Revolução Industrial e que ainda hoje regula a maioria das relações de trabalho, mas que cada vez faz menos sentido para o futuro do trabalho.
Em vez disso, você precisa se posicionar como uma empresa de uma pessoa só. Como um ativo raro no mercado, que por ser raro é valorizado e cobiçado pelas empresas, sendo remunerado não pelas horas que despende, mas sim pelos resultados que gera.
Ao mesmo tempo, você precisa dominar o conhecimento financeiro. Precisa fazer uma gestão inteligente do seu patrimônio, já que não vai poder mais contar com um salário fixo ao final do mês e ainda assim vai ter que arcar com despesas fixas.
Esse tipo de inteligência financeira exige que você saiba cobrar bem pelo seu trabalho, que saiba poupar o necessário, que saiba investir bem e se preparar tanto para os tempos de fartura quanto para as épocas de escassez.
2. Autodidatismo
A segunda grande habilidade que você precisa dominar é a sua capacidade de aprender rapidamente tudo o que for necessário para os problemas que se apresentam.
Essa é uma grande mudança em relação ao paradigma anterior do mercado de trabalho.
Se antes nós fazíamos uma faculdade e aprendíamos uma profissão que executávamos pelo resto da vida, agora nós temos que estar constantemente aprendendo e buscando soluções para cada questão que aparece na nova vida profissional.
Esse conceito de just-in-time learning requer que você seja um autodidata. Que saiba aprender rápido e que saiba buscar as informações certas e necessárias para aprender o que precisa aprender.
Terceirizar a responsabilidade do aprendizado para pais, escolas ou faculdade não faz mais sentido. O futuro do trabalho requer que estejamos aprendendo a todo instante, sempre nos adaptando às mudanças que não param de ocorrer.
Aquela ideia de entrar em uma sala de aula e ser forçado a aprender por meio de castigos, contagem de faltas e provas que punem o erro não deve mais fazer parte da realidade. Você deve buscar ativamente aquilo que quer aprender, e precisa ter prazer nesse aprendizado.
Isso significa que você pode aprender mais vendo um vídeo no YouTube, jogando um game ou simplesmente trocando mensagens com uma pessoa do que se assistisse a uma aula com um professor em um banco escolar. O meio não importa tanto quanto o resultado.
3. Autoconhecimento
O terceiro conhecimento necessário para o futuro do trabalho muitas vezes é rejeitado, ridicularizado ou até pejorativamente rotulado como auto-ajuda. Mas ele é essencial para a sobrevivência nesse novo mercado.
Autoconhecimento significa ter inteligência emocional para lidar com a instabilidade do mundo atual. Significa conhecer os seus próprios valores pessoais, a sua visão de futuro, os seus medos.
Significa saber lidar com a procrastinação, extrair benefícios da meditação, construir hábitos produtivos e até mesmo entender o funcionamento do seu próprio corpo para se alimentar e se exercitar de modo a aumentar a sua performance no trabalho.
4. Conhecimento interpessoal
Se a terceira habilidade diz respeito a conhecer a si próprio, a quarta significa conhecer as outras pessoas. É a capacidade de se relacionar bem com outros seres humanos.
Embora a lógica capitalista tradicional nos ensine que as outras pessoas são concorrentes, recursos úteis ou simples consumidoras do nosso trabalho, a verdade é que todos nós estamos buscando a mesma coisa. Queremos a felicidade, queremos evitar o sofrimento.
Esses desejos unem todos nós. E compreendendo eles profundamente nós aumentamos a nossa capacidade de entender as intenções dos outros, suas emoções, seus pensamentos.
O conhecimento interpessoal permite que a gente consiga ter empatia e compaixão não apenas com colegas de trabalho, mas também com patrões, clientes, empregados e todas as pessoas que orbitam o nosso trabalho.
5. Conhecimento tecnológico
Falamos antes que as mudanças tecnológicas formam um dos grandes grupos que moldam o futuro do trabalho. Saber utilizar essa nova tecnologia, portanto, é essencial para quem quer se destacar no mercado.
Não estamos falando aqui que você tenha que saber programar computadores. Mas sim que você precisa conhecer as possibilidades tecnológicas para trabalhar melhor e em menos tempo.
Dominar a tecnologia permite que você trabalhe de forma mais produtiva, economizando tempo, energia e dinheiro do que se tentasse fazer tudo por meios já superados.
Você tem na palma da mão hoje um computador muito mais avançado do que aquele que levou o homem até a Lua. E não pode nem deve ficar utilizando toda essa tecnologia só para ver fotos que amigos e celebridades postam nas redes sociais.
É o conhecimento tecnológico que vai permitir que você se posicione no mercado como solução para determinado problema.
É também ele que vai liberar tempo do seu dia em atividades práticas.
Conseguir um transporte, pedir uma refeição, fazer as compras de casa, organizar suas finanças, fazer pagamentos, falar com fornecedores do outro lado do mundo, atender clientes, gerenciar seu tempo, programar suas tarefas. Tudo isso pode ser feito com alguns toques no seu celular, se você souber o que está fazendo.
Não adianta dar a desculpa de que você não lida bem com tecnologia ou que já passou da idade de aprender. Dominar bem esses recursos tecnológicos hoje em dia é tão básico quanto ler e escrever. Não dá para fugir desse conhecimento.
Assim como você precisa de conhecimento interpessoal para se relacionar com as pessoas que o cercam, você também precisa dominar o conhecimento tecnológico para se relacionar com as máquinas e algoritmos que cada vez mais estão presentes nas nossas vidas.
Caso contrário, em vez de você usar a tecnologia, a tecnologia é quem vai acabar usando você. Sem ter o conhecimento de como as coisas funcionam, você jamais vai saber se está sendo manipulado por algoritmos das redes sociais, se está batendo boca com bots fingindo ser pessoas, se está tomando como verdade fake news criadas para cumprir uma agenda…
Só para ficarmos em um exemplo trivial, uma pessoa que tem a atenção interrompida a todo instante por notificações do celular jamais vai ter o foco necessário para competir no mercado de trabalho com outra que domina a tecnologia e consegue produzir soluções melhores na metade do tempo.
Esse é um conhecimento relativamente complexo de adquirir, mas que você precisa começar a estudar para dominar já a partir de hoje, para não correr o risco de ficar cada vez mais para trás.
6. Conhecimento T
O último dos seis conhecimentos para dominar o futuro do trabalho é o chamado Conhecimento T, ou conhecimento de especialista-generalista.
Esse conhecimento significa que você deve ser um grande especialista, dominando profundamente determinada área do conhecimento (representada pela haste vertical do T), e ao mesmo tempo ser um generalistas em diversas áreas correlatas (representada pela haste horizontal do T).
O conhecimento especializado permite que você explore determinados nichos de mercado e seja uma das raras opções para solucionar determinados problemas.
Já o conhecimento generalizado permite que você tenha um repertório de saberes que faz com que você encontre soluções criativas para os problemas que aparecem na sua trajetória profissional.
Ou seja, você precisa ser especializado em determinado assunto, mas não pode ser alienado dos outros. Compreender o todo e ainda assim saber agir no específico é uma capacidade que poucas pessoas têm.
E, como já vimos, ser algo que poucas pessoas são é uma característica necessária para se destacar no novo mercado de trabalho.
Como traçar um plano para se adaptar ao futuro do trabalho
Neste momento, toda essa quantidade de informações pode estar sobrecarregando a sua mente. Você pode estar achando que é muito difícil ou até mesmo impossível dominar todos esses conhecimentos para se adaptar ao futuro do trabalho.
E realmente é. A não ser que você tenha um planejamento estruturado para lidar com tudo isso.
Se você não tiver um planejamento bem feito, provavelmente vai se complicar tentando aprender tanta coisa. Ou vai dominar um dos conhecimentos e deixar os outros para trás.
Para que isso não aconteça, tire um tempo para formular um plano. Veja quais são os seus pontos fortes e fracos e comece a trabalhar neles para buscar melhorar em cada um dos seis conhecimentos essenciais.
Você pode ter áreas para o conhecimento empreendedor-financeiro, autodidatismo, autoconhecimento, conhecimento interpessoal, tecnológico e para as duas partes do conhecimento T.
Dentro de cada dessas áreas do seu plano, você pode traçar objetivos específicos, com uma série de tarefas que precisa cumprir para dominar cada um desses conhecimentos e se tornar um profissional adaptado ao futuro do trabalho.